janeiro 24, 2013

Portugal e um vestido vermelho

Eu não pensava nesse mal. Se querem que vos seja sincera, não pensava nas urgências de fazer alguma coisa, porque nem eu aí tinha jeito para aclarar a voz e ser mulher. Julgar o mundo com verdade não é compatível com os discursos destes dias. Quanto mais naquela idade onde eu não tinha mala com batom e pó de arroz.
Agora tenho menos. Agora tenho uns papéis e umas canetas. Ando a juntar dinheiro para uma máquina de escrever e parece que sou idiota por gostar assim de Lisboa.
Ontem a minha mãe fez sopa e jurei ser a melhor refeição do mundo. As sopas curam tudo, até o mal de amor. E agora que estou vazia disso nem sinto o sabor da sopa na boca.
Mas regressava ao princípio. Eu não pensava nesse mal que é a morte e nos morrerem. Sei-o porque sei ser alentejana e sentir na pele o que é morrerem-nos. "Foste embora, e agora como é que eu fico". Se Portugal se for embora como é que eu fico?

hoje que andei à procura da fotografia da avó Luísa pensei nesse mal. No mal de Portugal se ir embora e eu não saber como ficar.


4 comentários:

  1. gostei mas ao mesmo tempo fico intrigada com a tua razão para teres escrito este texto.....

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  2. Obrigada. Acho que enquanto me mantive afastada de tudo, cresci um bocado e fez-me bem. Voltei, e voltei bem com ele também :)

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