setembro 05, 2012

a comichão do cérebro

tenho o coração apertado. Muito apertado. Fazes-me assim. Sim. Fazes-me. Porque antes, nesse tempo que não foi há muito tempo, nós mergulhávamos e nadávamos dentro de uma espuma de emersão que nos relaxava o coração. Éramos crianças e não sabíamos o que era o amor.
Nunca ninguém chega a saber muito bem, mas eu como sou pequenina vejo coisas para lá da espuma, e agora enquanto sofro e encolho por ti posso dizer muitas coisas no silêncio que sei que a Lua não as leva até ti.
E portanto fora da espuma, eu consegui perceber que as coisas são diferentes do que pensávamos ser quando éramos crianças. E portanto, haviam muitos "ses" que nos aleijavam o coração e faziam doer o corpo porque não queríamos pensar no futuro e não queríamos pensar no ontem e só víamos o presente com uma tabuleta sorridente à nossa frente. Dantes-no antes- tínhamos medo dessa possibilidade porque nos amávamos sem haver amanhã e víamos televisão juntos com as duas mãos a segurar o comando.
Agora que a tua mão fugiu para fora, eu continuo a carregar nos botões e já não é esse medo que me engole daqui para fora.
Isto a Lua já pode levar até ti. Esta dor pequenina, porque no fundo sou pequenina, de tudo aquilo que me roubaste quando me prometeste dar para sempre. Isto a Lua já te pode entregar por correio azul. Esta mágoa azul de tristeza que me deixa nódoas na roupa e no coração. Esta coisa pequenina que me tiraste, mas que a mim me enchia o coração porque sou pequenina e preciso de pouco para ser feliz.
Isto a Lua já te pode deixar à porta de casa. Este amor que já não é teu, porque o quiseste mandar fora.
E mandar fora algo que não está fora do prazo é perder amor e perder paixão. É destruir antes de ler.
E não se destrói quem se ama.

És tu que me dás comichão no cérebro. Só tu.


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