março 09, 2012

prego no fundo do chão

Às vezes custa ser dentro da existência. Por vezes os ouvidos fecham portas e não queremos ver o que se passa na nossa frente. Como o carrossel que gira sempre no mesmo sentido, também nós, fora de nós, nos giramos e tombamos fartos do movimento. E dentro da paragem sôfrega da existência custa muito ser como quando somos fora desse círculo confuso. Todos os dias nos aproximamos das linhas que os nossos pés pisam. Como as passadeiras também andamos atravessados e escondemos as lágrimas por detrás das árvores no passeio da rua. Tu choras porque guardar te fere ainda mais, mas não te vale de nada chorares sem se verem as gotas a descer por essa tua cara. És cobarde se continuares a imaginar. Porque quando imaginas mais mentes e quanto mais mentes mais a tua vida se vai tornar numa mentira. E porque é que não conseguimos parar de imaginar? Porque esse mundo abaixo dos nossos sentidos é mais pacato. Dói menos do que o resto e quando um coração já foi ferido muitas vezes queremos que a dor se vá embora para bem longe, para onde o coração tenha uma porta de ferro que a impeça de entrar.

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