janeiro 14, 2011

corre Lola corre


Eis os acontecimentos do meu dia a partir das 14h da tarde das belas e saborosas sextas-feiras. Normalmente no meu íntimo, não costumo partilhar as vezes que se fazem passar por momentos extraordinários. Pequenas coisas que se tornam significativas e que merecem por consequênsia um lugar no meu blog.

Quando me dirigi para a livraria para comprar o bestseller do Marc Levy 'A Próxima Vez' vinha com a ideia colada na minha cabeça de que o livro provavelmente estaria esgotado ou simplesmente não havia na loja, e na verdade, estava certa.

Dirigi-me ao balcão de atendimento e dei de caras com um rapaz um pouco mais velho que eu, jeitos alegres, pele morena e cabelo preto. Alto. Perguntei pelo livro escondida nos meus pensamentos e esperei pela resposta. Aguardei e esperei em silêncio enquanto o rapaz procurava na sessão dos romances estrangeiros. Infelizmente estava certa, mas por alguma razão guardei aquele momento em que o beijo escondido nos meus lábios saltou de emoção enquanto o rapaz me confundia com a minha irmã e, quando me despedi ele pareceu desapontado com a minha partida. Um estranho sentir a nossa falta...coisa curiosa para alguém como eu.


No caminho "Tu és muito crítica em relação a mim. Não gostas do meu verniz. Não gostas do meu carro..." diz a mulher de cabelos curtos negros de mala ao braço e ponche cinzento. As amigas reunem-se ao pé do restaurante japonês. A loira nos seus cinquenta, a loira na casa dos vinte, a amiga morena de casaco amarelo e a morena dos vinte de caracóis. O encontro de ciclo começa . Enquanto a senhora de ponche afirma não gostar de comprar meias pega no copo de plástico exibindo o anel de diamantes e bebe o seu sumo de ananás. Fizeram-me lembrar a turtúlia do Sexo e Cidade em versão pouco alargada. E aos poucos senti pena delas. Senti pena pelos poucos momentos em família que teriam devido ao trabalho. O pouco amor que os filhos receberiam e os presentes exurbitantes que lhes tirariam o sorriso do rosto. As poucas vidas que os preencheriam seriam formadas por poucas alianças tradicionais.
E enquanto que a menina de pouca idade,que agarrava com toda a sua força a boneca de cabelos de lã loiro,s me encheu o coração de felicidade, o senhor que entrou no autocarro na vivacidade dos seus 70 e tal anos e que carregava consigo a mala castanha cheia de segredos, soprou um sorriso de saudade do tempo em que não eram precisos grandes gestos para se agradar. A rapariga furiosa por ter de ceder o seu lugar estaria provavelmente no seu direito. É um outro tipo de amor. Espero que não te importes que ponha isto em palavras, o quão maravilhosa a vida é agora que estas pessoas entraram nela. Apenas como estranhos claro, mas pertencem-me um pouco mais que caras conhecidas que derrubaram o meu coração mais que uma vez.


Passei com os dedos na minha pregadeira nova e sinto-me feliz por poder partilhar ainda uma dança ao som de 'Just the way you look tonight' .


Perdoa-me senhor pois eu não pequei. Contei-te a verdade. E a verdade é deliciosa (=

1 comentário:

  1. e o que é a verdade?

    deliciosa ou dolorosa?

    para quem é masoquista, pode ter delícias

    é uma questão de fé

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